CRITICAS

CRITICS

CRÍTICAS

PORTUGUÊS

Catálogo da 10.ª Exposição Individual
Fundação Eng. António Almeida, Porto
Outubro, 1987
O Porto na luz e na água

(…) O pintor joga assim, com a poética do ambiente, (…) espraia-se em névoas de sonhos, reflexos de luz e água, onde as transparências surgem como tónica quase familiar. Cria atmosferas difusas ou densas, deixando que certas formações surjam, quer espontâneas quer rigorosamente controladas.
(…)
Nesta presença indissociável do perene e do fugaz, do visível e do invisível, vislumbra-se uma ânsia em penetrar outros níveis da realidade, partindo daquilo que aos olhos do pintor se vai transfigurando, constantemente, para outros estádios mais depurados no universo do seu espaço existencial. (…)

Catálogo da 11.ª Exposição Individual
Arte e Livro – Galerie / Librairie, Luxemburgo
Maio, 1988
Portugal Transparent

(…) Abreu Pessegueiro a recrée ses ambiants dans ce jeu de lumière en leurs conférant  les atmosphères éthérées ou massives, tranquilles ou inquiètes où la transparence de l’ espace nous propose de nouvelles lectures de la réalité.
C’est un appel à la participation de ceux  qui sont de ce côté-ci où le mirage du paysage déborde au delà  dès murs et du plancher en s’ouvrant dans un espace sans limites.

Catálogo da 19.ª Exposição Individual
Galeria Francisco Torralba, Terrassa, Barcelona
Novembro, 1993
Tranquilidad Atántica

(…) El agua y el sonido se mezclan bien; tienen la misma fu(…) El agua y el sonido se mezclan bien; tienen la misma fuerza de los rituales mágicos y contienen el mismo valor iniciativo.Paisaje de paisajes con tonos de blanco, azul, amarillo y ceniza… Color crepuscular; atmósfera de ponientes que ofrecen ardientes flotaciones cenicientas metálicas. Atmósferas de luz; respiros de inocencia o de evasión…(…) La razón y el sueño garantizan la llamada a la dimensión ontológica que no se radica a la definición, ni se confina a la contención del ser.

Catálogo da 28.ª Exposição Individual
Quinta de Infias, Braga
Junho, 2002
Paisagens Primordiais

(…) Da horizontalidade translúcida e serena da água irrompe a verticalidade etérea e densa do fogo, mutante e grave. Essa massa aquosa, na sua quietude, receptiva e tangível, deixa-se fecundar em tons de azul, branco e vermelho.
A atmosfera de luz, cálida e subtil, conflitua com a densidade rugosa da cor e das formas geométricas, flutuantes ou deliciosamente erectas.
Nestas paisagens do silêncio o pintor persegue um ideal que, pela contenção do gesto, se materializa na geometria das formas. Gesto e rigor só aparentemente se situam no mesmo plano, como se o impulso não pudesse ser controlado.(…)

Catálogo da 30.ª Exposição Individual
Galeria do Palácio, Porto
Abril e Maio, 2005
NO LIMIAR DE PLATÃO

Persistem as reminiscências da ainda recente morada subterrânea. Ensombramento e ausência.
Da caverna ressoam ecos de horror provocados pelo aprisionamento.
As correntes suspendem a liberdade dos homens porque, tolhidos de experiência, não podem curar a ignorância, nem sonhar outra matéria possível para além das sombras.
Contudo, a luz irrompe das clareiras, permitindo graus de luminescência e de obscuridade diversos. Não é permitida a posse plena da luz porque ela cega tanto quanto deslumbra, cega tanto quanto permite ver, claramente, o que os sentidos ofuscam.
Esta dialéctica do sensível com o inteligível (enquanto participação da sombra com o objecto que a gera, porque ideia e exposta a plena luz) cobre o sentimento de impotência imanente a cada ser, permitindo-lhe este modo de se superar pela criação estética.
Nem todos serão convidados para o banquete!
É preciso, antes de mais, querer participar nele. Contemplar as ideias.
Aqui tem lugar o engenho, a poética que, partilhando os dois mundos, opera no refinamento da intuição contra a doxa, opera na via da inteligibilidade pela conquista de mais e mais luz.
É pela nóêsis enquanto contínuo devir a que os seres estão sujeitos, como sujeitos de pensamento, que a intelecção do próprio mundo é refinada. Outros mundos serão sonhados. Materializados. E, pela força do devir, a nóêsis, enquanto desejo de ser novo, actualizar-se-á em cada criação com a força que move a corrente das águas de um rio que corre p’ró mar e cuja água é sempre nova!

Catálogo da 32.ª Exposição Individual
“Sítios Etéreos”
Galeria Solar de Santo António, Porto
Julho de 2008

Os últimos quadros de Abreu Pessegueiro são paisagens sem referente, despojadas do supérfluo, quase abstractas, permitindo-nos intuir uma certa metafísica desses sítios. O artista propõe-nos uma viagem a lugares de memórias antigas, numa espécie de revisitação por rememorações inquietas que o fascínio desses sítios evoca.(…)

Catálogo da 33ª Exposição Individual
“Porto Desconstruído”
Bombarda Galeria, Porto
Março 2014

(…) Desconstruir não é procurar o sentido. É subverter. Contudo, Abreu Pessegueiro, com a desconstrução, pretende repensar a forma para criar com uma nova linguagem… Porque a verdade desse Porto que se nos oferece em termos ontológicos, já não opera na reserva de imagens, nem na constância das suas memórias; antes, se desestruturam, adulterando essas suposições e se reconstroem, com novos movimentos e rupturas paradoxais, subvertendo as linguagens.
Subverter, revolucionar, perturbar, perverter e até destruir, são a palavra de ordem. Os códigos, as caligrafias, a semântica e os sentidos (pragmática) subvertidos e/ou reconvertidos de forma paradoxal, também adulteram a nossa visão do mundo: falseiam a visão deste Porto desestruturado, desconstruído, para o repensar a uma outra luz.

Esta desconstrução a que o pintor submete o Porto, não lhe rouba os seus valores de verdade que são negados na desconstrução mas, pretende de uma forma simbólica, uma morte e um renascimento do Porto: O Porto dos sentidos, das milongas e das canções do Rui; O Porto das manhãs de nevoeiro e das tardes mornas…da fumaça das castanhas assadas…O Porto das memórias e dos nostálgicos poentes…O Porto da Foz, do mar revolto com marés de espuma branca…Não é andar à procura de sentido, é senti-lo, vivê-lo, seguir novos trilhos. Habitá-lo!
O Porto desconstruído, não elimina o velho Porto. Transfigura-o, reconstrói-o, acarinha-o, mesmo que seja necessário alterar a escrita, alterar os termos, “linguagens”, fazer “desvios”, produzindo a diferença!

A proposta do pintor é repensar a vida, repensar a arte sem medos, porque estes não deixam que o sonho aconteça.

Catálogo da 34ª Exposição Individual
“Dimensionalidades”
Galeria SBN, Porto
Fevereiro 2017

O que aqui se pretende nesta escrita é “colocar o ser nas suas plurais manifestações”. O ser, ontologicamente assumido, numa panóplia de perspectivas de análise, transforma-se num potencial desafio lúdico e, ao mesmo tempo, numa evasiva dos ruídos do mundo!
Rompe os limites da concepção tradicional de uma obra, simplesmente pictórica, para lhe conferir substância e o volume geométrico que lhe é inerente; que lhe garante a forma, em rituais de cor ou mesclado em silêncios de vazios!
A orientação dos sentidos de fuga, apontando a terra ou evadindo-se para além dos campos visuais na procura de infinito, é definida por planos geométricos que lhe redefinem as formas, que teimam em percorrer espaços sem dimensão, mas que se redimensionam para cá e para lá da capacidade visual do fruidor!

Catálogo da 36ª Exposição Individual
“Porto/Síntese”
Galeria SBN . Porto
Outubro 2019

Abreu Pessegueiro surge agora com um Porto metamorfoseado em abstrações!
É seu desígnio materializar em síntese, de forma quase volátil, a essência do ser que representa, como algo de “imaterial”!
(…)
A sua caligrafia emerge numa dinâmica tonal…num ritmo de musicalidade espacial!!!
Consubstancia uma poética do espaço onde os vazios se polarizam com a densidade rugosa dos materiais.
Plasma atmosferas de luz com elementos vibrantes de cor, mas também, de silêncios ausentes de matéria!
Com este Porto, o artista perpetua a essência, como um reservatório de memórias!

Jornal “Tageblatt”, Luxemburgo
7 de Junho, 1988

(…) Aussi ses peintures sont-elles d’un tracé incisif et d’une structure  parfaitement proportionnée Elles font entrer en plein de la lumière  et donnent ainsi à la couleur une limpidité qui trempe les paysages portuaires dans un isolement étrange tout en leur laissant la liberté de communiquer.
Des luminescences en sourdine rendent parfaitement l’ambiance dans laquelle se trouve le promeneur lorsqu’il marche sur la digue et se sent enveloppé par le large.(…)
ruas exactas (…)

Revista “Casa & Jardim”,  n.º 181
Abril, 1993

É nome de arquitecto e é nome de pintor. São muitos em Portugal os arquitectos que se enamoraram da pintura e conseguiram conquistar lugar de destaque no panorama das Artes, na sua maioria seguindo o caminho da figuração e transportando para o papel ou para a tela um código estético que tem muito a ver com as leis da geometria, do construtivismo e linguagens afins. Abreu Pessegueiro é um desses nomes.(…)

Catálogo da 25.ª Exposição Individual
Forte de S. João, Vila do Conde
Janeiro, 2001
“Quando a terra se junta ao mar…”

(…) Cenários abertos a acontecimentos em que só a ausência e o silêncio equivalem à grandiosidade sugerida. Algumas das estruturas delineadas evocam magníficos panos de cena em movimento para a abertura de um palco gigantesco, onde o protagonista do espectáculo é a luz. E após a qualidade cenográfica ressalta o carácter Ficcional dos aspectos representados. É um mundo de estranheza e inquietação, este que nos é proposto sob uma aparência de racionalidade e acalmia. (…)

Catálogo da Exposição “Pela cidade do Porto: Descoberta da cidade através de uma visita aos murais cerâmicos”
Galeria do Palácio, Porto
28 Fevereiro – 20 Março 2002

(…) Abreu Pessegueiro optou, no revestimento do túnel da Via Rápida, pela instalação de marcações de movimento associadas à função do túnel, obviamente a ser fruído em andamento veloz, servidas por uma gama cromática extremamente suave. Optando pela simplicidade geométrica em vez da figuração rebuscada, consegiu efeitos atenuantes da forte pressão a que aquele espaço está sujeito” (…)

Catálogo da 30.ª Exposição Individual
Galeria do Palácio, Porto
Abril e Maio, 2005
“Porto de Luz”

UM SONHO DE EUCLIDES
A Cidade ascende à perfeição da manhã que a eterniza. Despida da névoa que a cingiu, glorifica-se no espelho do rigor, impassível na tentação da ordem que a redime de existir. Estamos diante do horizonte do cálculo, espectadores do cenário imune ao desastre, articulando a palavra indesgarrável do silêncio.
Assim teria experimentado Euclides o sonho explicativo da Alexandria onde nasceu. Abraçado aos elementos da leitura do espaço, percorreria a treva com a candeia da astúcia, expulsando enganos e dúvidas. A Cidade voltará à contingência, quando outro dia romper, a iluminar o teorema que Euclides esboçou no canto inferior direito da folha de papiro.
A Cidade vinga o deserto dos seres que nela moram. Desdobra-se na volumetria dos edifícios, estabelece com a água o jogo da conivência e da separação, enamora-se das pontes que testemunham o triunfo entre o aqui e o além. A vida tornará à Cidade, liquidada a exigência do número que a exprime, mediante o toque das areias do princípio do Mundo.
Poderá Euclides envolver-se em seu sono. Duvidoso será que retome a clareza do que viu.

Jornal “Letras & Letras”, n.º 24
Dezembro, 1989

O Pintor Abreu Pessegueiro no Município de Matosinhos
(…) Desde os coloridos exuberantes às neblinas transparentes, ele consegue uma constante criadora que se propaga nos suportes em linhas rectilíneas e planos de perspectivas incomensuráveis. Sempre uma pintura deslumbrante, onde a luz e a sombra e as transparências veladas, vinculam o tema e o fazem crescer pujantemente. Existe aí, o desenho sólido que alicerça as suas concepções de um real transmutado. (…)

Catálogo da 14.ª Exposição Individual
Galeria Moira, Lisboa
Novembro, 1990
“Paisagens Geométricas”

(…) O motivo inicial distende-se indefinidamente em contínuas recriações plásticas, impelindo o espectador sensível para uma constante evolução de imagens que se compõem ou decompõem. (…)

Jornal “O Primeiro de Janeiro”
5 de Novembro, 1989

Nas margens da sombra
(…) Todos os quadros têm e transmitem uma sedução aquática – melhor: há, da parte do artista, um deslumbramento pelas coisas que se situam na água ou se rodeiam.
(…) Parece-nos que na obra de arte nada é ocasional – nada é acidental ou por acaso. Na obra de arte, pelo contrário, há, isso sim, sintomas. Tal como nestas derivas de Abreu Pessegueiro – que parecem dizer isto: a pintura, ainda que seja um lugar da fixação de determinados referentes, tem uma mobilidade interna próxima de um jogo dialéctico onde um tema tem sempre o seu oposto que o irá transformar numa coisa outra. Esclarecendo: o ambiente marinho que habita a pintura de Pessegueiro é uma matriz íntima da própria mobilidade da pintura. (…)

Catálogo da 29.ª exposição Individual
Palacete dos Viscondes de Balsemão, Porto
Fevereiro de 2008
“Porto – Transparências”

(…) A organza fecha a caixa, sem a fechar na totalidade. Na sua incrível fragilidade expõe-se como um crivo para a soberba do olhar. Cria, gere e protege paisagens interiores. Controla a luz do cenário. Abreu Pessegueiro [arquitecto-pintor, pintor-arquitecto] organiza cenários. Ascéticos. Anti-sépticos. Era necessário um guardião, uma guardiã: organza. Na entrada da caixa, da pintura, da obra, da cidade [a cidade propriamente está ao fundo, em fundo, em silhueta] colocou uma guardiã, desarmada em parte, ascética ela também, mas profundamente atenta e conhecedora do seu ofício e da sua missão. (…)

Jornal “Letras & Letras”, n.º 64
Fevereiro, 1992

Abreu Pessegueiro
(…) Muitas vezes os seus quadros nos conduzem em percursos de sonho, alguma coisa próxima do “descuidar do tempo”, como se estivéssemos, privilegiadamente, num ponto de observação donde divisássemos um fenómeno de transformações sucessivas… (…)

Catálogo da 21.ª Exposição Individual
Espaço d’Arte Portugal Telecom, Porto
Maio, 1995
“Exaltação da Água”

(…) Fazendo o que lhe apetece, irrompe na sua obra uma soberba nostalgia, aquela saudade nova deste mundo tão estranho, só porque existimos. Cumpre pela via da Pintura uma abstracção que sente muito, de perspectivas encaminhadas por sonhos juvenis, enredando-se, sobrepondo-se.
Afinal um mundo de água, íngreme, não muito distante do Homem.

Jornal “O Primeiro de Janeiro”
11 de Maio 1984

Abreu Pessegueiro, um construtivismo de essências
(…) um artista intelectualizado cuja proposta de ver o mundo sofre o efeito do distanciamento, próprio da necessidade de comunicar uma atitude reflexiva perante a dialéctica das coisas aparentemente bloqueadas. Esta é uma das primeiras impressões que se pode colher das suas “transparências” e “janelas”. O seu trabalho é produto de uma criatividade serena, amadurecida de projectos, ritualizada na busca do invisível. (…)

Catálogo da 8.ª Exposição Individual
Fundação Eng. António Almeida, Porto
Maio, 1984
“O Absoluto de Muro ou o relativo da Janela?”

O Absoluto do Muro ou O Relativo da Janela?
(…) Muro…
Para lá do muro, sem o muro e com o muro as coisas adquirem epiderme, aderem a um espaço e acolhem a luz que as trabalha.
Descascar a atmosfera, vesti-la de negro, azul ou branco é um gesto ritual de Abreu Pessegueiro.
(…) A janela…
Abrir um outro mundo, noutra época, sob outro sol, sob absurdo labirinto onde a pergunta não chega (…)

Catálogo da 6.ª Exposição Individual
Fundação Eng. António Almeida, Porto
Junho, 1979

(…) A representação da SIMULTÂNEIDADE ou SEQUÊNCIA de imagens estáticas, é uma procura na caracterização do espaço arquitectural, embora com a plena consciência das suas limitações, sempre inerentes a qualquer caracterização do espaço, mesmo que se trate da recriação artística do ambiente. Essa limitação é tão significativa, quanto sabemos que a percepção do espaço real não se confina à visão e, por isso, só é possível sugerir o espaço arquitectural e urbano – como realidade tangível ao homem – adentro dos limites da  criação estética. (…)

Catálogo da 13.ª Exposição Individual
Galeria do Município, Matosinhos
Novembro, 1989

(…) É aqui que surge a “água” como uma constante temática: ela é transparente e opaca, é clara e escura, é líquida e gasosa, é reflectiva e profunda, é calma e agitada.
“Pintar a água” não significa contudo indiferença para com o que está por baixo ou por cima dela: há que recriar o seu fundo e o vazio que sobre ela paira. Essa é também a razão do enquadrar o fluído pela solidez das construções geométricas simples em equilíbrio ou desequilíbrio, ou do uso de elementos imponderáveis que agitem o nosso sentido de leitura. (…)

Catálogo da 30.ª Exposição Individual
Galeria do Palácio, Porto
Abril e Maio, 2005

(…) apresenta-se uma instalação realizada propositadamente para o espaço da Galeria do Palácio. Trata-se de uma ideia antiga, já parcialmente ensaiada quando fiz um conjunto de painéis de grande dimensão em desenho sobre pedra para uma das Universidades do Porto. Deste modo, pretendo materializar uma qualidade que procurei imprimir nos meus mais recentes trabalhos de cavalete: uma escala cenográfica induzida. Com esta instalação, o carácter cenográfico foi levado às últimas consequências; Pretende-se, assim, que o fruidor seja envolvido pela obra. Embora nela prevaleça a expressão própria da pintura, esta não se destina a ser vista exclusivamente de fora. É meu objectivo provocar uma nova experiência perceptiva, permitindo o sonho com uma outra realidade, uma realidade obviamente ilusória. Então, mais do que numa contemplação passiva, o público poderá experienciar, como actor, um outro espaço, um Porto de Luz, não mais um Porto cinzento!

Catálogo da 34.ª Exposição Individual
Galeria AP’ARTE, Porto
10 de Novembro, 2012 a 12 de janeiro 2013

Porto de Silêncios
Porto, cidade onde nasci e onde vivi quase sempre, não poderia deixar de marcar o meu modo de ver e de ser, de forma indelével.
Paisagem peculiar pelas suas atmosferas de luz etérea, de neblinas envolventes, de fortes maciços graníticos, de agreste matéria, numa relação contínua entre um rio que não se deixa “oprimir pelas suas margens”. O Porto é único!
Há 45 anos que pinto paisagens e que, com elas, dialogo. Hoje, quase só são memórias dos lugares. O resto são construções metódicas, despojadas do supérfluo, onde a geometria resulta da maneira de ver e do modo de construir.
Porto de Silêncios, porque para mim, o silêncio também é uma condição necessária à contemplação. No meu trabalho, procuro contrapor-me ao ruído que nos rodeia pela mediatização da informação, ao espalhafato formal do exagero, ao consumismo efémero, características do mundo odierno. Guardo o silêncio para ouvir a música, mesmo a música feita de silêncios.
O vazio é tão importante quanto a forma. Este Porto também é, por isso, um porto-abrigo que nos permite pela essencialidade das coisas sonhar a cidade.

Catálogo da 34ª Exposição Individual
Galeria SBN, Porto
Fevereiro 2017
Dimensionalidades

As qualidades relativas às dimensões têm, na pintura “contemporânea”, tido múltiplas abordagens. Se na pintura renascentista, para provocar a ilusão do espaço “real” era explícito o uso da perspectiva, modernamente, temos abordagens tão diversas como pelo uso sintético de formas planas (Matisse ou Mondrian), pela ilusão de arrastamento (futurismo) pela visão múltipla e fracturada da realidade (cubismo) até manifestações onde efeitos cinéticos e ópticos, ou o movimento real e a terceira dimensão, romperam claramente o conceito tradicional de pintura.
Esta qualidade relativa às dimensões, tem sido recorrente no meu trabalho, principalmente depois de 1979, quando encetei a série de “Simultaneidades e Sequências” e, depois, pelo uso de múltiplos suportes com transparências e, mais tarde, até pelo rompimento da regularidade do espaço pictural.
Essas preocupações nada têm de invulgar, porque não passam de uma característica do trabalho do arquitecto quando pretende representar o espaço em mutação. (…)

Catálogo da 34.ª Exposição Individual
SBN. Galeria, Porto
Março, 2017

DIMENSIONALIDADES
As qualidades relativas às dimensões têm, na pintura “contemporânea”, tido múltiplas abordagens. Se na pintura renascentista, para provocar a ilusão do espaço “real” era explícito o uso da perspectiva, modernamente, temos abordagens tão diversas como pelo uso sintético de formas planas (Matisse ou Mondrian), pela ilusão de arrastamento (futurismo) pela visão múltipla e fracturada da realidade (cubismo) até manifestações onde efeitos cinéticos e ópticos, ou o movimento real e a terceira dimensão, romperam claramente o conceito tradicional de pintura. Esta qualidade relativa às dimensões, tem sido recorrente no meu trabalho, principalmente depois de 1979, quando encetei a série de “Simultaneidades e Sequências” e, depois, pelo uso de múltiplos suportes com transparências e, mais tarde, até pelo rompimento da regularidade do espaço pictural. Essas preocupações nada têm de invulgar, porque não passam de uma característica do trabalho do arquitecto quando pretende representar o espaço em mutação.
O que aqui se pretende nesta escrita é “colocar o ser nas suas plurais manifestações”. O ser, ontologicamente assumido, numa panóplia de perspectivas de análise, transforma-se num potencial desafio lúdico e, ao mesmo tempo, numa evasiva dos ruídos do mundo!Rompe os limites da concepção tradicional de uma obra, simplesmente pictórica, para lhe conferir substância e o volume geométrico que lhe é inerente; que lhe garante a forma, em rituais de cor ou mesclado em silêncios de vazios! A orientação dos sentidos de fuga, apontando a terra ou evadindo-se para além dos campos visuais na procura de infinito, é definida por planos geométricos que lhe redefinem as formas, que teimam em percorrer espaços sem dimensão, mas que se redimensionam para cá e para lá da capacidade visual do fruidor!

Catálogo da 24.ª Exposição Individual
Galeria do Município, Matosinhos
Novembro, 1997

Mais que luz
(…) O nascimento da luz na pintura de Abreu Pessegueiro procede, singularmente, dos dois princípios elementares femininos e passivos: a água e a terra (…). A luz – evasivo fruto formal, por um lado, da horizontalidade e transparência da água e, por outro, da áspera verticalidade da terra – materializaria então aqui (…) a ideia platónica de um quinto elemento etéreo. E quem poderia, mais justamente do que o pintor, interpretar a “imaginação material” de que fala Bachelard, “sonhar a matéria”? (…)

Catálogo da 33.ª Exposição Individual
“Paisagens do Imaginário”,
Galeria Municipal de Matosinhos, Novembro / Dezembro, 2009

O ESQUECIMENTO, UMA FALSA DESPEDIDA:
QUATRO ANDAMENTOS
(…) Pensei que um dos objectivos da arte – e portanto da pintura – é fazer falar o mundo em vez da alma emocionada pela imagem do mundo. Afinal, o abstracto que apaga por momentos todos os vestígios da criação natural, mostra o que há de mais primitivamente uno e primitivamente puro. A arte cria não a partir da natureza, mas a partir dos seus próprios elementos como faz a natureza.
Kandinsky pintou em 1910 um quadro inteiramente abstracto. Malevitch, com o seu célebre quadro preto sobre um fundo branco, marcou em 1913 um “zero absoluto” do qual partiram depois o suprematismo e o construtivismo russos.
Mondrian descobriu em 1920 a sua forma definitiva: linhas autónomas, horizontais e verticais, formando superfícies rectangulares com três cores fundamentais e o preto o branco e o cinzento.
Abreu Pessegueiro tem um interesse especial por Mondrian: _Gosto muito de Mondrian e até me identifico com ele. Mondrian é estrutura. – afirmou.
Claro que notei a colecção de música no atelier. (…)

Catálogo da 15.ª Exposição Individual
Galeria de Arte dos Correios – Fórum Picoas, Lisboa
Novembro, 1991

Parece lúcido afirmar que  Abreu Pessegueiro escolheu a água como via de acesso ao mundo. Não sendo uma água brava poderíamos, neste momento de coexistência corpórea com os quadros, sentir apenas diluição: das resistências, das rugosidades, das ruminações. Apesar dos cais e dos barcos e da insinuação da ausência, pelos tons do cinzento e do azul acinzentado e do amarelo cinza, parece ficar suspensa a partida numa imobilidade sem peso. (…)

Catálogo da 20.ª Exposição Individual
Chateai de Borguistas, Luxemburgo
Junho, 1994

Nesta exposição, Abreu Pessegueiro elege como protagonista, a  água. Culturalmente ligada a ritos de purificação, a água é, assim, oportunidade de passagem a um estado de maior mercê.
Nestes quadros mistura o pintor  esse elemento com os outros três elementos de que os gregos falavam – o fogo, o ar, a terra colocando-nos ainda perante uma água humanizada. (…)

Catálogo da 23.ª Exposição Individual
Galeria S. Francisco, Lisboa
Março, 1996

(…) é uma pintura que evoca a governação dos sentidos sobre o mundo. O que é dado a ver tem um calor e um frio, de tal modo tridimensional, que podemos senti-los como vindos de um cenário real.
Os volumes são enormes, poderosos, mas não parecem de uma resistência secular. Talvez o impacto rítmico das cores fulgurantes sugira um jogo lumínico que não se adequa a universos imutáveis. Ou então, é o chão de água em que pousam, que dá impressão que os maciços podem flutuar. (…)

Catálogo da 30.ª Exposição Individual
Galeria do Palácio, Porto
Abril e Maio, 2005

Fio de Espera
(…) O Pintor é possuído pela cidade e devolve-a interpretada por uma relação que foi mudando de narrativa, apesar de permanecer da mesma substância. Segundo me parece, o Porto é apresentado pelo Pintor como um lugar em suspensão. Embora sendo artistas de referências tão diferenciadas, Abreu Pessegueiro faz-me lembrar Edward Hopper ou Giorgio de Chirico, quando estes Pintores isolam os personagens, acentuando a sensação de que esses personagens estão longe do ambiente doméstico ou de qualquer sítio familiar. Quem observa essas obras sente o frio do desabrigo daquelas mulheres que sozinhas num quarto de hotel, lêem uma carta, que esperam à porta ou à janela, mais perdidas do que esperançadas, que se sentam de noite à mesa de um restaurante de estrada, porque por uma qualquer razão já não podem estar em casa.
Com a ausência de figuras, o Pintor pinta efeitos luminosos do céu e da água, reproduz cenários de melancolia que, no entanto, não são melancólicos – apenas confirmam que as formas geométricas e arquitectónicas dominam, por uns momentos, as paisagens orgânicas, sem ignorar que é com o sopro de vida que esses cenários se hão-de animar. Só que não é o Pintor que os coloca lá. Outros que o façam, ou que se deixem levar pela contemplação da nostalgia sem ficarem nostálgicos. O Pintor expõe a cidade com diferentes planos, quebrados ou em perspectiva, com os distintos humores de que a cor é portadora e presume que cada observador possa estabelecer uma relação de vizinhança com as casas, as ruas, as pontes e a delimitação do que é escuro e claro no quadro. O que o Pintor nos dá são moradas possíveis na cidade, porque cada um mora de maneira diferente. O Pintor exprime um mundo na obra; o espectador tem acesso a esse mundo e torna-se responsável pela sua epifania; deixa-se conduzir, deixa-se habitar por ele, deixa que o objecto se realize através de si. Mas como é que cada sujeito se dirige para o mundo do objecto artístico? De mãos vazias? (…)

Catálogo da 33.ª Exposição Individual
“Paisagens do Imaginário”,
Galeria Municipal de Matosinhos, Novembro / Dezembro, 2009

O esquecimento, uma falsa despedida:
Quatro Andamentos
(…) Pensei que um dos objectivos da arte – e portanto da pintura – é fazer falar o mundo em vez da alma emocionada pela imagem do mundo. Afinal, o abstracto que apaga por momentos todos os vestígios da criação natural, mostra o que há de mais primitivamente uno e primitivamente puro. A arte cria não a partir da natureza, mas a partir dos seus próprios elementos como faz a natureza.
Kandinsky pintou em 1910 um quadro inteiramente abstracto. Malevitch, com o seu célebre quadro preto sobre um fundo branco, marcou em 1913 um “zero absoluto” do qual partiram depois o suprematismo e o construtivismo russos.
Mondrian descobriu em 1920 a sua forma definitiva: linhas autónomas, horizontais e verticais, formando superfícies rectangulares com três cores fundamentais e o preto o branco e o cinzento.
Abreu Pessegueiro tem um interesse especial por Mondrian: _Gosto muito de Mondrian e até me identifico com ele. Mondrian é estrutura. – afirmou.
Claro que notei a colecção de música no atelier. (…)

Catálogo da 25.ª Exposição Individual
Galeria S. Francisco, Lisboa
Março, 1998

(…) A distanciação que optou, nesta fase, relativamente ao reconhecimento do Porto ou dos portos, não significa ausência de verdade: a verdade, em estética, não se anula com escassez ou sobrecarga de elementos identificáveis. Na estética, a verdade é a qualidade de qualquer linguagem. A conquista de um idioma é a pátria de um artista. Abreu pessegueiro compreendeu a importância de uma fala individual no panorama do multilingues e do multiculturalismo. E a fala não é apenas uma questão de pronuncia. Exige prenúncio. Algo que o futuro acrescente ao presente que, em breve, será pretérito. Abreu Pessegueiro prepara-se para as distinções do devir.

Jornal “Diário de Terrassa”
7 de Dezembro, 1993 – Barcelona

Pessegueiro es pintor y arquitecto
(…) Esa puntual disciplina de la línea, e incluso del color, resulta asaz característica de todos los arquitectos que conocemos dedicados a la especialidad pictórica.
Esse elegante, sensible y correctísimo debujo de trazo geométrico nos lleva a la “tranquilidad atlántica”, que es la premisa que desarrolla, Pessegueiro, en sus acrílicos y serigrafias a veces acompañadas con breves relieves matéricos los cuales acentúan la gracia de una sencillez y sobriedad descriptiva repleta de sugerente encanto, de una poesía portadora de íntimas serenidades.(…)

“Jornal da Maia” , n. 883
18 de Maio, 1995

(…) ao imediatismo paisagístico que inicialmente se nos depara sobrepõe-se o silêncio e a força misteriosa da abstracção que nos apanha de surpresa o olhar, para lá nos perdermos extasiados. É uma pintura que nos proporciona o desejo de viajarmos nela até atingirmos os seus inacessíveis limites (ao nível das sensações, bem entendido), para lá descansarmos na meditação a que parece sermos chamados. (…)
ruas exactas (…)

Catálogo da 24.ª Exposição Individual
Galeria do Município, Matosinhos
Novembro, 1997

Desfile de (in)confidências
(…) é o desfile de (in)confidências e intimidades que, aliadas ao talento, conspiram e geram estórias (in)crédulas que dão força e vida a paisagens imaginárias, habitadas por silêncios cúmplices.
As imagens de hoje interpretam labirintos que alicerçam encontros e desencontros imbuídos do delírio dos contrastes. Luz e sombra / Água e terra. (…)

“Jornal de Notícias”
23 de Dezembro, 1999

No atelier de Abreu Pessegueiro
A pintura contida de um Porto sentido
Do seu percurso conhecem-se as cidades imaginárias e a sonegação das referências à realidade. E também a coerência pela linha do gesto e da geometria. Agora, mantém esta junção mas pinta, mesmo que subtil, marcas e sinais sobre a cidade – o Porto. (…)

Jornal “Notícias” de Moçambique
2 de Abril, 1972

(…)É pintor da vida parada, estática, linear, branco estruturado a negro, friamente, secamente. E por isso domina. Ao deixar-nos advinhar a escusa revolta, o inconformismo, quanto desassossego anda por dentro daquelas casas de cal. (…) Quanto gostaríamos de o ver na Ilha de Moçambique, a pôr cegueira de brancos naquela cegueira de palácios e casas, quando o sol em chapa as transforma em alvura de espelho. (…)

Catálogo da 9.ª Exposição Individual
Biblioteca Municipal, Tomar
Dezembro, 1984

Abrir janelas em Tomar
(…) Abreu Pessegueiro busca novas atmosferas, outras formas de estar e de certa forma um estado psicológico diverso porque “há gente que não vê pelas janelas, eu quero ver pelas paredes”. Uma transposição do que se poderá apelidar de “fase do ser” para a “fase do estar”.  (…)

Catálogo da Exposição conjunto com Helena Abreu (sua mãe)
Sociedade de Estudos de Moçambique
Março, 1972

(…) Francisco Abreu Pessegueiro é um artista despojado de sentimentalismo. Não de sentimentos. Filho da sua época, protesta contra o homem que não passa pelas suas ruas. O homem que há no seu id, mau grado a exactidão das suas composições, e que não aflora ainda – nos horizontes patéticos de tanta procura – ou espera? Vejo isto na desolação das suas ruas exactas (…)

Catálogo da 33.ª Exposição Individual
“Paisagens do Imaginário”,
Galeria Municipal de Matosinhos, Novembro / Dezembro, 2009

para ABREU PESSEGUEIRO
ESPAÇOS DE SILÊNCIO E AUSÊNCIA
(…) as técnicas e os modos de formar
Em termos técnicos, o artista não se detém na tela, recorrendo também à madeira e à organza, o que lhe permite conferir à pintura, não só por jogos que armadilham a percepção, uma dimensão tridimensional activa, tanto quanto o nosso movimento transforma o visível, neste caso a estrutura real adequada à leitura transfigurada das formas ou de um habitat a emergir do tempo. Pessegueiro, a despeito das aparências niveladas que nos falam de alguma padronização, manipula igualmente tintas diluídas, vaporiza-as sobre os materiais já referidos, contrapondo à abundante matéria, ao seu índice expressivo, à força de cimentos acrílicos — todas as concavidades, todas as convexidades, numa intensa relação de valor e presença.
Um original paisagismo sobrepõe-se à metodologia técnica: irreais troncos vergados entre si, decepados em cima e mergulhados na água macia, lembram torres outrora feéricas, imitando o monumento de Pisa. (…)

CRITICS

ENGLISH

Catalogue of the 10th Individual Exhibition
Eng. António Almeida Foundation, Porto
October, 1987

Porto in light and water
(…) thus the painter plays with the poetics of the environment, (…) casting mists of dreams, reflections of light and water, where transparencies appear with an almost familiar feel. He creates both diffuse and dense atmospheres, allowing certain shapes to emerge, either spontaneously or strictly mastered.
(…) There is in this inseparable presence of the permanent and ephemeral, the visible and invisible, an eagerness to penetrate other levels of reality, based on that which, to the eyes of the painter, is constantly being transfigured into other purer states within the universe of his existential space. (…)

Catalogue of the 11th Individual Exhibition
Art and Book – Galerie / Librairie, Luxemburg
May, 1988

Transparent Portugal
(…) Abreu Pessegueiro recreated his environments in this play on light, bestowing atmospheres that are either ethereal or solid, peaceful or restless. Here, the transparency of space suggests new readings of reality.
Observers are urged to participate. Where they stand, the reflection of the landscape shines beyond the walls and ground and opens out into a limitless space.

Catalogue of the 19th Individual Exhibition
Francisco Torralba Gallery, Terrassa, Barcelona
November, 1993

Atlantic Tranquillity
(…) Water and sound blend well; they have the same force of magic rituals and possess the same initiatory value.
A landscape of landscapes in shades of white, blue, yellow and grey… Colours at twilight and dusky atmospheres that provide fiery metallic variations. Atmospheres of light; sighs of innocence or evasion (…) Reason and dream merge in an appeal to the ontological dimension that is neither rooted in definition, nor is it confined to the constraints of being.

Catalogue of the 28th Individual Exhibition
Quinta de Infias, Braga
June, 2002

Primordial Landscapes
(…) From the translucent, serene horizontality of water bursts forth the ethereal, dense verticality of fire, mutable and grave. That aqueous mass, in its receptive and tangible quietude, is willingly permeated by shades of blue, white and red.
Ambiences of warm, subtle light contrast with the rugged density of the colours and geometric forms, either floating or delightfully erect.
In these landscapes of silence, the painter pursues an ideal that, by constraint of gesture, is materialized in the geometry of the forms. Gesture and rigour are only apparently located on the same plane, as if impulse could not be contained. (…)

Catalogue of the 30th Individual Exhibition
Galeria do Palácio, Porto
April and May, 2005

ON THE THRESHOLD OF PLATO
Reminiscences of the still recent subterranean dwelling persist. Haunting shadows and absence.
Echoes of the horror of imprisonment reverberate from the cave.
The chains suspend the freedom of men because, crippled by experience, they cannot cure ignorance, or dream of other possible matter beyond the shadows.
However, light bursts forth from the clearings, allowing for varying degrees of luminescence and obscurity. Full possession of the light is not permitted because it blinds as much as it dazzles, it blinds as much as it allows one to see clearly that which the senses cloud.
The dialectics of the sensible and the intelligible (where the shadow participates with the object which casts it, as an idea exposed in the full light of day) covers the feeling of impotence that is immanent to each being, and, in this way, allows it to transcend itself through aesthetic creation.
Not everyone will be invited to the banquet!
The will to participate in it is, above all else, an absolute imperative. To contemplate ideas.
Here, there is a place for ingenuity, a poetics which, while sharing both worlds, operates in the refinement of intuition against preconception; it operates through intelligibility so as to attain more and more light.
It is through nóêsis, as the continuous becoming to which beings are subject, like subjects of thought, that the intellection of the world itself is refined. Other worlds will be dreamed of. Materialised. And, by the force of becoming, nóêsis, as the desire to be renewed, will be realised in each creation with the force that moves the currents of a river’s waters as they flow rapidly to the sea, where water is always fresh!

Catalogue of the 32th Individual Exhibition
Artes Santo António Gallery, Porto
July, 2008

Sites Ethereal
(..)Abreu Pessegueiro’s most recent works are landscapes without referents, divested of the superfluous, almost abstract, letting us perceive a certain metaphysical dimension in these places. The artist proposes a journey to places of ancient memories, in a sort of re-visitation through restless recollections that the fascination of these places evokes. (…).

Catalog of the 33rd Individual Exhibition
“Deconstructed Porto”
Bombarda Galeria, Porto
March 2014

(…) Deconstructing is not looking for meaning. It is to subvert. However, Abreu Pessegueiro, with the deconstruction, intends to rethink the form to create with a new language … Because the truth of this Porto that is offered to us in ontological terms, no longer operates in the reserve of images, nor in the constancy of its memories; rather, they break down, adulterating these assumptions and reconstructing themselves, with new movements and paradoxical ruptures, subverting languages.
Subverting, revolutionizing, disturbing, perverting and even destroying are the watchwords. Codes, calligraphies, semantics and (pragmatic) meanings subverted and / or reconverted in a paradoxical way, have also tampered with our view of the world: they distort the view of this unstructured, deconstructed Porto, to rethink it in another light.

This deconstruction to which the painter submits Porto, does not rob him of his values ​​of truth that are denied in deconstruction, but, in a symbolic way, he intends a death and a revival of Porto: The Porto of the senses, of milongas and of the songs of the Rui Veloso; The Porto of foggy mornings and warm afternoons … of the smoke of roasted chestnuts … The Port of memories and nostalgic sunsets … The Porto of Foz do Douro, from the raging sea with tides of white foam … It is not to search for meaning, to feel it, to live it, to follow new paths. Dwell it!
The deconstructed Porto does not eliminate the old Porto. Transfigure it, reconstruct it, cherish it, even if it is necessary to change the writing, change the terms, “languages”, make “deviations”, producing the difference!

The painter’s proposal is to rethink life, to rethink art without fear, because they do not let the dream happen.

Catalog of the 34th Individual Exhibition
“Dimensionalities”
SBN Gallery, Porto
February 2017

What is intended here in this writing is “to put the being in its plural manifestations”. The being, ontologically assumed, in a panoply of perspectives of analysis, becomes a potential playful challenge and, at the same time, an evasion of the noises of the world!
It breaks the limits of the traditional conception of a work, simply pictorial, to give it substance and the inherent geometric volume; that guarantees the form, in rituals of color or mixed in silences of voids!
The orientation of the escape directions, pointing to the earth or escaping beyond the visual fields in search of infinity, is defined by geometric planes that redefine its shapes, which insist on traversing spaces without dimension, but that resize themselves here and beyond the visual capacity of the user!

Catalog of the 36th Individual Exhibition
“Porto / Synthesis”
SBN Gallery. Port
October 2019

Abreu Pessegueiro now appears with a Porto metamorphosed into abstractions!
Its purpose is to synthesize, in an almost volatile way, the essence of the being it represents, as something “immaterial”!
(…)
His calligraphy emerges in a tonal dynamic … in a rhythm of spatial musicality !!!
It embodies a poetics of space where voids are polarized with the rough density of materials.
Plasma atmospheres of light with vibrant elements of color, but also, silences absent from matter!

Jornal “Tageblatt”, Luxemburgo
7, July, 1988

(…) Also his paintings are a path of incisive and perfectly proportioned structure they bring in plenty of light and thus give the color clarity that tempering port landscapes in strange isolation while leaving them the freedom to communicate. Mute glows perfectly make the atmosphere in the stroller when they walk on the dam and feels enveloped by the large.(…) RUAs exactas (…)

“Casa & Jardim” Magazine, no. 181
April, 1993

His is the name of an architect and painter. Many architects in Portugal have become captivated by painting and are widely renowned in the panorama of the Arts. Their work is largely figurative, transposing on paper or canvas an aesthetic code that has much to do with the laws of geometry, constructivism and related languages. Abreu Pessegueiro is one of these names. (…)

Catalogue of the 25th Individual Exhibition
Forte de S. João, Vila do Conde
January, 2001
“Quando a terra se junta ao mar…”

(…) Scenarios that are open to events in which only absence and silence match the grandiosity suggested. Some of the structures traced invoke magnificent curtains in movement to the opening of a gigantic stage, where the show’s leading actor is light. And, following the scenographical quality, the fictional character of the elements represented immediately stands out. It is a world of strangeness and restlessness, this one which is presented to us under a guise of rationality and stillness. (…)

Catalog of the exhibition “Pela cidade do Porto
Descoberta da cidade através de uma visita aos murais cerâmicos”

Galeria do Palácio, Porto
February 28 – March 20, 2002

(…) Abreu Pessegueiro chose, in the lining of the Via Rápida tunnel, to install movement markings associated with the function of the tunnel, obviously to be enjoyed at a fast pace, served by an extremely smooth chromatic range. Opting for geometric simplicity instead of elaborate figuration, he achieved mitigating effects of the strong pressure to which that space is subject” (…)

Catalogue of the 28th Individual Exhibition
Galeria do Palácio, Porto
April and May, 2005
“Porto of light”

EUCLID’S DREAM
The City rises to the perfection of the morning that makes it eternal. Divested of the mist which had cloaked it, it attains glory in the mirror of austerity, indifferent to the temptation of the order which redeems it from existence. We are standing before the horizon of calculation, onlookers of a scenario that is immune to disaster, articulating the inapprehensible word of silence.
Thus would Euclid have experienced the explanatory dream of the Alexandria where he was born. Embracing the interpretable elements of space, he would have scoured the darkness with the lamp of sagacity, banishing misconceptions and doubts. The City will return to uncertainty when another day breaks, illuminating the theorem Euclid outlined in the bottom right-hand corner of his sheet of papyrus.
The City avenges the desert of the beings that live there. It unfolds on the volumetry of buildings, establishes a game of collusion and separation with water, and is enamoured with the bridges which bear witness to the triumph between the here and the beyond. Life will return to the City, once the demand of the number which expresses it is settled, through the touch of the sands of the beginning of Time.
Euclid may become enveloped in his dream. It is doubtful though that he will be able to recapture the clarity of what he saw.

“Letras & Letras” (Journal), no. 24
December, 1989

The Painter Abreu Pessegueiro in the Matosinhos Municipality
(…) From exuberant colourings to transparent mists, the painter achieves a creative constant which is propagated in rectilinear lines and planes of incommensurable perspectives. The painting is always dazzling, where light and shade and veiled transparencies bond the theme and make it grow vigorously. There is a solid design which anchors the artist’s conceptions of a transmuted reality. (…)

Catalogue of the 14th Individual Exhibition
Moira Gallery, Lisbon
November, 1990
“Paisagens Geométricas”

(…) the initial motif distends indefinitely in continuous plastic recreations, driving the sensitive spectator to a constant evolution of images that are constructed or deconstructed. (…)

“O Primeiro de Janeiro” (Newspaper)
5th November, 1989

On the margins of shadow
(…) All the paintings have and transmit an aquatic seduction – better yet: the artist is fascinated with all that is located in water or surrounds it.
(…) It seems as if nothing on the work of art is incidental – nothing is accidental or by chance. On the contrary, the work of art has, rather, symptoms. Such as these musings by Abreu Pessegueiro, which seem to say the following: although a place where certain referents are anchored, painting has internal mobility that comes close to a dialectical game where the theme always finds its opposite. Thus, they are constantly transformed into something else. In other words: the marine environment that inhabits Pessegueiro’s paintings is the intimate matrix of their very mobility. (…)

Catalogue of the 29th Individual Exhibition
Palace dos Viscondes de Balsemão, Porto
February 2008
“Porto – Transparências”

“Port Transparencies” (…) The organza closes the box, without the close all. In its incredible fragility exposes itself as a sieve to look superb. Creates, manages and protects Interior landscapes. Controls the light scenery. Abreu Peach [architect-painter, painter-architect] organizes scenarios. Ascetics. Antiseptics. It was necessary a guardian, a guardian: organza. At the entrance, the painting, the work of the city [the city proper is in the background, in background, in silhouette] put a guardian, disarmed in part, ascetic she also, but deeply attentive and knowledgeable of their craft and their mission. (…)

“Letras & Letras” (Newspaper), no. 64
February, 1992

Abreu Pessegueiro
(…) His paintings often lead us on dream paths, somewhere close to “disregarding time”, as if we were, providentially, on an observation point from which we could discern a phenomenon of successive transformations… (…)

Catalogue of the 21st Individual Exhibition
Espaço d’Arte Portugal Telecom, Porto
May, 1995
“Exaltação da Água”

(…) Doing as he likes, a superb nostalgia bursts from his work, that new yearning for this highly peculiar world, just because we exist. Through painting, the artist complies with an acutely felt abstraction of perspectives, channelled by youthful dreams that entangle and overlap.
It is after all a world of water, steep in nature, which is really quite close to Man.

“O Primeiro de Janeiro” (Newspaper)
11th May 1984

Abreu Pessegueiro, a constructivism of essences
(…) an intellectualized artist whose proposal to view the world is under the effect of estrangement, an intrinsic aspect of the need to communicate an attitude of reflection when confronted with the dialectics of apparently blocked things. This is one of the first impressions that we get of his “transparencies” and “windows”. His work is the product of a serene creativity, which has come to maturity in projects and is ritualised in the search for the invisible.

Catalogue of the 8th Individual Exhibition
Eng. António Almeida Foundation, Porto
May, 1984
“O Absoluto de Muro ou o relativo da Janela?”

The Absolute Wall or the Relative Window?
(…) The Wall…
Beyond the wall, without the wall and with the wall, things acquire an epidermis, adhere to a space and welcome the light which plays on them.
Peeling the atmosphere and dressing it in black, blue or white is a ritual gesture in Abreu Pessegueiro.
(…) The Window…
To open up another world, in another era, under another sun, within an absurd labyrinth where questions cannot enter (…)

Catalogue of the 6th Individual Exhibition
Eng. António Almeida Foundation, Porto
June, 1979

(…) The representation of the SIMULTANEOUSNESS or SEQUENCE of static images is a quest to characterise architectural space. There is, however, the full awareness of its limitations, inherent to any characterisation of space, even when we are dealing with the artistic recreation of the environment. This limitation is as significant as our perception that real space is not restricted to sight. It is, therefore, only possible to suggest architectural and urban space as a reality that is tangible to man, within the boundaries of aesthetic creation. (…)

Catalogue of the 13th Individual Exhibition
Municipal Gallery, Matosinhos
November, 1989

(…) It is here that “water” appears as a thematic constant: it is transparent and opaque, clear and dark, liquid and gaseous; it is reflectional and deep, calm and agitated.
“To paint water” does not however mean indifference to that which lies beneath it or above it: there is a need to recreate its depths and the emptiness hovering above. This is also the motive for framing the fluid with the solidness of balanced or unbalanced simple geometric constructions, or the use of imponderable elements that stimulate our sense of interpretation. (…)

Catalogue of the 30th Individual Exhibition
Galeria do Palácio, Porto
April and May, 2005

(…) an installation is also presented, designed specially for the Galeria do Palácio. It expresses an idea I have had for a long time now, which was partially tested when I made a set of large drawing-on-stone panels for one of Porto’s Universities. My intention is to materialise a quality that I have striven to convey in my most recent easel works: an induced scenographic scale. With this installation, the scenographic character has been taken to its ultimate, as it is my intention that the observer should feel completely enveloped by the work. Although the expression of painting on this object prevails, it is not intended to be seen exclusively from the outside. My ultimate aim is to provoke a new experience in perception, dreaming with other realities, which are obviously illusionary. Thus, rather than stand in passive contemplation, the public can experience another space like an actor, a Port/o of Light, a Grey Porto no more!

Catalogue of the 34th Individual Exhibition
AP’ARTE Gallery, Porto
October, 2012
PORTO OF SILENCES
Porto, the city where I was born and have lived most of my life, could not but have left an indelible mark on my way of seeing and being.
A peculiar landscape for its atmospheres of ethereal light, of enshrouding mists, of strong granite massifs, and harsh material, in a continuous relation with a river which refuses to be “oppressed by its banks”. Porto is unique!
For 45 years, I have been painting landscapes with which I enter into dialogue. Today, they are almost just memories of places. The rest are methodical constructions, stripped of the superfluous, where the geometry results from the way of seeing and the mode of constructing.
Porto of Silences, because for me, silence is also an essential condition of contemplation. In my work, I seek to oppose the noise that surrounds us arising from the mediatisation of information, the formal spectacle of exaggeration, the ephemeral consumerism of the world today. I keep silence to hear the music, even the music made of silences.
The void is as important as the form. This Porto is, thus, a port of shelter which allows us to dream the city through the essentiality of things.

Catalog of the 34th Individual Exhibition
SBN Gallery, Porto
February 2017
Dimensionalities

The qualities related to dimensions have, in “contemporary” painting, taken multiple approaches. If in the Renaissance painting, in order to provoke the illusion of the “real” space, the use of perspective was explicit, modernly, we have approaches as diverse as the synthetic use of flat shapes (Matisse or Mondrian), the illusion of dragging (futurism) by multiple vision and fractured reality (cubism) to manifestations where kinetic and optical effects, or the real movement and the third dimension, clearly broke the traditional concept of painting.

This quality related to dimensions, has been recurrent in my work, mainly after 1979, when I started the series of “Simultaneities and Sequences” and, later, by the use of multiple supports with transparencies and, later, even by breaking the regularity of the pictorial space.

These concerns are nothing unusual, because they are just a feature of the architect’s work when he intends to represent the changing space. (

Catalogue of the 34th Individual Exhibition
SBN. Gallery, Porto
March, 2017
“Dimensionalidades” [“Dimensionalities”]

The qualities of dimension have had multiple approaches in “contemporary” painting. If in Renaissance painting the use of perspective was explicit to create the illusion of “real” space, in modern times, we have a diversity of approaches. These range from the synthetic use of flat forms (Matisse or Mondrian), the illusion of drifting (futurism), the multiple and fractured vision of reality (cubism), to the manifestations where kinetic and optical effects, or real movement and the third dimension, clearly breaking with the traditional concept in painting. These qualities of dimension have been recurrent in my work, particularly after 1979, when I began the series of “Simultaneities and Sequences”. Then, dimension was conveyed by the use of multiples supports with transparencies and, later, even by breaking with the regularity of pictorial space. These concerns are in no way unusual, because they are merely a characteristic of the work of the architecture who intends to represent space in mutation.
In these writings, we intend to “place the being in its plural manifestations”. The being, ontologically speaking, from an array of perspectives of analysis, is transformed into a potential ludic challenge and, at the same time, into an evasion from the noise of the world! It breaks with the boundaries of the traditional conception of a simply pictorial work, to give it its inherent substance and geometric volume; which grants it a form, in rituals of colour or merged into the silences of voids! The orientation of the senses towards escape, pointing to earth or evading beyond the visual fields in search of infinity, is defined by geometric planes that redefine the forms, which insist on passing through spaces without dimension, but which are rescaled before and beyond the viewer’s visual ability!

Catalogue of the 23th Individual Exhibition
Municipal Gallery, Matosinhos
“Sonhar a Matéria”
November, 1997

More than light
(…) The birth of light in Abreu Pessegueiro’s paintings proceeds singularly from two feminine and passive elementary principles: water and earth (…). Light – evasive formal outcome, on the one hand, of the horizontality and transparency of the water and, on the other, of the harsh verticality of the earth – would materialize here (…) a platonic ideal of an ethereal fifth element. And who could more rightly than the painter interpret the “material imagination” referred to by Bachelard, “to dream matter”? (…)

Catalogue of the 15th Individual Exhibition
Galeria dos Correios – Fórum Picoas, Lisbon
“Fluído Geométrico”
November, 1991

It seems clear that Abreu Pessegueiro chose water as the means to access the world. Although it is not wild water, in this moment of corporeal coexistence with the paintings, we could only feel dilution: of resistance, of rugosity, of musing. Despite the quays, the boats and the insinuation of absence, due to the shades of grey, greyish blue and yellowish grey, departure seems to become suspended in a weightless immobility. (…)

Catalogue of the 20th Individual Exhibition
Bourglinster Chateau, Luxemburg
“Solidité de l’eau”
June, 1994

In this exhibition, Abreu Pessegueiro elects water as the protagonist. Culturally linked to purification rituals, water is thus an opportunity to pass to a higher state of grace.
In these paintings, the artist combines this element with the other three elements the Greeks spoke of – fire, air, earth – and further confronts us with water humanized. (…)

Catalogue of the 22rd Individual Exhibition
S. Francisco Gallery, Lisbon
“Narração da Luz”
March, 1996

(…) these paintings evoke the supremacy of the senses over the world. That which is revealed has a warmth and coldness, and are so utterly three-dimensional that they come across like real sceneries.
The volumes are enormous and powerful, but seem to lack a secular resistance. Perhaps the rhythmical impact of exuberant colours suggests a luminous play that is not adequately adjusted to immutable universes. Or, rather, it is the ground of water on which they rest that gives the impression that massifs can float. (…)

Catalogue of the 28th Individual Exhibition
Galeria do Palácio, Porto
“Porto of Light”
April and May, 2005

Threads of Expectation
(…) The Painter is possessed by the city and returns it interpreted by a relationship that has modified its narrative over time, despite remaining the same in substance. It seems to me that the Painter presents Porto as a place in suspension. Abreu Pessegueiro reminds me of Edward Hopper or Giorgio de Chirico, even though they are such prominent, different artists, when they isolate their characters, emphasising the feeling that they are far removed from any domestic environment or any familiar place. Observers of these works feel the chill of those women’s helplessness, alone in a hotel room, reading a letter, waiting by the door or window, more lost than hopeful, sitting at a table in a highway restaurant at night, because for some unknown reason, they can no longer be at home.
Through the absence of figures, the Painter confers luminous effects on sky and water, reproducing scenarios of melancholy which are not, however, melancholic. They only confirm that geometric and architectonic forms dominate the organic landscapes for brief moments, without ignoring that it is with the breath of life that these scenarios will gain vitality. The thing is, though, it is not the Painter who places them there. It is for others to do so, or they are left to yield to the contemplation of nostalgia without becoming nostalgic. The Painter portrays the city from different planes, fractured or in perspective, with the distinctive moods conveyed by colour, and assumes that each observer can establish a neighbourly relationship with the houses, streets, bridges and the boundaries of what is dark and light in the painting. What the Painter gives us are possible dwellings within the city, because each person resides in a different way. The Painter expresses a world in each work; spectators have access to that world and become responsible for its epiphany; they allow themselves to be led by it, to be inhabited by it, and let the object be realized through themselves. But how does each subject approach the world of the artistic object? Empty-handed? (…)

Catalogue of the 31th Individual Exhibition
“Landscapes of Imagery”,
Galeria Municipal de Matosinhos
November / December, 2009

FORGETFULNESS, A FALSE FAREWELL:
FOUR TEMPOS
(…) I thought that one of the aims of art – and thus painting – was to make the world talk instead of the soul moved by the image of the world. After all, the abstract which erases for moments all vestiges of natural creation means that it shows that which is most primitively sole and primitively pure. Art creates not from nature, but from its own elements just as nature does.
Kandinsky painted a totally abstract painting in 1910. Malevich, with his renowned black painting on a white background, marked the “absolute zero” in 1913, from which Russian suprematism and constructivism sprung.
Mondrian discovered his definitive form in 1920: autonomous, horizontal and vertical lines, forming rectangular surfaces in three prime colours and black, white and grey.
Abreu Pessegueiro has a special interest in Mondrian: “I really like Mondrian and I even identify with him. Mondrian is structure.” he stated.
Obviously I also noticed the music collection in the studio. (…)

Catalogue of the 24th Individual Exhibition
S. Francisco Gallery, Lisbon
“Silêncios do Infinito”
March, 1998

(…) The estrangement which the artist chose in this phase regarding the recognition of Porto or ports (called “portos” in Portuguese) does not mean absence of truth: truth in aesthetics is not annulled by the scarcity or excessiveness of identifiable elements. In terms of aesthetics, truth is the quality of any language. The conquest of a language is the motherland of an artist. Abreu Pessegueiro understood the importance of an individual speech in the current panorama of multilingualism and multiculturalism. And speech is not merely a question of pronunciation. It demands prediction. Something the future adds to the present, which will soon be past. Abreu Pessegueiro prepares himself for the distinctions of becoming.

“Diário de Terrassa” (Newspaper)
7th December, 1993 – Barcelona

Pessegueiro is painter and architect
(…) That specific discipline of line and also colour results, however, from that intrinsic characteristic of all architects involved in this artistic speciality.
That elegant, sensitive and highly correct drawing of geometric lines leads us to “Atlantic tranquillity”, which is the premise Pessegueiro develops in his acrylics and serigraphs. They are at times accompanied by brief material embossments which highlight the elegance of a descriptive sensibility and sobriety full of suggestive charm, of poetry bearing intimate serenities. (…)

“Jornal da Maia” , no. 883 (Newspaper)
18th May, 1995

(…) the immediacy of the landscape with which we are initially faced is rapidly overtaken by the silence and mysterious force of the abstraction that takes us by surprise, to there become lost enraptured. These paintings urge us to travel within them until we reach their most inaccessible boundaries (at the level of our senses, be it understood), and there rest in the meditation to which we seem to have been summoned. (…)

Catalogue of the 23th Individual Exhibition
Municipal Gallery, Matosinhos
“Sonhar a Matéria”
November, 1997

A parade of (in)discretion
(…) it is a parade of (in)discretion and intimacy that, together with talent, conspire and create (in)credible stories that give life and force to imaginary landscapes inhabited by acquiescent silences. Today’s images interpret labyrinths that ground agreements and disagreements imbued with a delirium of contrasts. Light and shadow / Water and earth. (…)

“Jornal de Notícias” (Newspaper)
23rd December, 1999

At Abreu Pessegueiro’s atelier
The contained portrayal of a deeply-felt Porto
From his previous works, we know of his imaginary cities and his concealment of references from reality. And also the coherence conferred by the line of gesture and geometry. He maintains this conjunction but now paints marks and signs, even if subtly, over the city – Porto. (…)

“Notícias” (Newspaper), Mozambique
2nd April, 1972

(…)He is a painter of still, static, linear life, depicted in white structured by black, coldly and dryly.
. And for this reason it dominates. By letting us guess the helpless revolt, the nonconformity, the disquiet seething within those whitewashed houses. (…) How we would like to see him on the Island of Mozambique,
covering with the blindness of whites that blindness of palaces and houses, when the sun shines like a pane and transforms them into the purity of a mirror. (…)

Catalogue of the 9th Individual Exhibition
Municipal Library, Tomar
“Abrir Janelas em Tomar”
December, 1984

Opening windows in Tomar
(…) Abreu Pessegueiro seeks new atmospheres, other ways of being and to some extent a diverse psychological state, because “there are people who do not see through windows, I want to see through walls”. A transposition from that which one could call the “phase of being” to the “phase of existing”

Catalogue of the Joint Exhibition with Helena Abreu (his mother)
Sociedade de Estudos de Moçambique (Mozambique Studies Society)
March, 1972

(…) Francisco Abreu Pessegueiro is an artist stripped of sentimentalism. But not of feelings. A son of his time, he protests against the man who does not walk down his streets. The man in his Id, despite the exactness of his compositions, who has yet to flourish… on the pathetic horizons of so much searching… or waiting? I see this in the desolation of his exact streets. (…)

Catalogue of the 31th Individual Exibition
“Landscapes of Imagery”,
Galeria Municipal de Matosinhos
November / December, 2009

for ABREU PESSEGUEIRO
SPACES OF SILENCE AND ABSENCE
(…)the techniques and modes of forming
In technical terms, the artist doesn’t linger on the canvas, using also wood and organza, which allows him to bestow on the paintings an active three-dimensional scale, not only through a play on placement which traps perception, much as our movement transforms the visible, in this case, the real structure adapted to the transfigured reading of the forms or of a habitat emerging from time. Pessegueiro, in spite of the levelled appearances with tell us of some standardisation, also manipulates diluted paints, vaporising them over the materials mentioned, countering the abundant matter, his expressive index, the force of acrylic cements, with all the concavities and all the convexities, in an intense relationship of value and presence.
An original form of landscaping overlays technical methodology: unreal trunks entwined with each other, severed on top and plunged into smooth waters, recalling once fairylike towers, imitating the monument of Pisa. (…)